Como anda sua saúde?
Ansiosa, deprimida, no espectro autista, tem déficit de atenção, hiperativa, alergias, problemas de pele? Doenças crônicas não transmissíveis se proliferam: endometriose, enxaqueca, asma, rinite alérgica, questões na tireoide, síndrome do intestino irritável, hipertensão, câncer, diabetes…
Se você não se identificou com algum item dessa lista, com certeza alguém próximo (vizinho, familiar ou colega de trabalho) tem alguma dessas condições, ou algo ainda sendo investigada ou tratada.



Tratamos os sintomas e não buscamos entender o que está nos adoecendo.
O corpo vai dando sinais que passam desapercebidos pela maioria das pessoas: intestino preso, gases, insônia, cabelo caindo, dores articulares ou musculares, falta de disposição e energia... Nesses momentos são acionados médicos de todas as especialidades; são realizados vários exames e prescritos uma série de medicamentos. Ainda bem que temos esses recursos em nossas mãos. O problema é quase sempre tratamos apenas os sintomas, não buscamos entender o que está nos adoecendo. Será o nosso estilo de vida estressante? Nossa alimentação (que sempre acreditamos estar boa o suficiente) mas na verdade está carente de nutrientes? A falta de exercício regula? O sono que não regenera? Por que não olhamos para a origem do problema?


Qual é o impacto da alimentação em nossa vida?
Estudos científicos como o da Universidade de Manchester, da Inglaterra, já demonstraram que pessoas com depressão e ansiedade consumem mais alimentos classificados como inflamatórios (como carboidrato refinado tipo pães, massa; alimentos processados, como refeições prontas, presunto e queijos processados, refrigerantes, álcool, biscoitos, frituras...).
Diariamente, nosso corpo precisa de nutrientes para produção de células, hormônios, neurotransmissores, amadurecimento de óvulos ou espermatozoides.
Para se ter uma ideia, nossos glóbulos brancos duram 15 dias. Nosso fígado é totalmente substituído a cada 2 anos, já os ossos, a cada 10 anos. Já as sinapses cerebrais que impactam a nossa cognição e os neurotransmissores que modulam nosso emocional também são compostos por nutrientes ingeridos e absorvidos todo dia.
Porém, infelizmente, nossa nutrição não costuma estar na nossa lista de prioridade. Se o corpo dá um problema, vamos ao médico e pedimos um remédio para resolver momentaneamente o sintoma que surgiu.


Mas e a Epigenética?Você já ouviu falar?
Hoje sabe-se que 99,9% do DNA do ser humano é exatamente igual ao de uma minhoca. Então o que nos faz ser único? Atualmente, sabemos que genes não são estáticos. Nosso estilo de vida pode ativar alguns genes ou silenciá-los. A ciência que está desbravando como o ambiente influencia na ativação dos genes é conhecida como Epigenética. Por ambiente entende-se a alimentação, obesidade, atividade física, tabagismo, consumo de álcool, poluentes ambientais, estresse psicológico, trabalho no turno da noite, dentre outros fatores.
Você está ingerindo os nutrientes que precisa?
Você já parou para observar como está seu intestino? sua pele? cabelos? Fica sem energia a tarde ou no final do dia? Tem asma? Come sem estar com fome? Não consegue ganhar peso? Sente-se ansioso ou deprimido? Está irritadiço e sem paciência ?
Será que seu corpo está recebendo todos os nutrientes que ele precisa para funcionar direito? Sabemos que o corpo é capaz de combater vírus e bactérias naturalmente. Estima-se que todos os dias, de uma a cinco células nossas se tornam cancerígenas, e seu sistema imune as captura e extermina. No entanto, para o bom funcionamento do sistema imunológico, o organismo precisa de determinados nutrientes, assim como, um carro precisa do combustível adequado e uma planta precisa de solo adubado.
O problema é que normalmente temos a impressão que estamos nos alimentando bem, mas o que é "bem"? Além disso, mudar hábitos alimentares não é uma tarefa fácil. E infelizmente nós ainda não assimilamos o quanto nossas refeições diárias impactam a nossa saúde. Estamos acostumados a responsabilizar nossos genes ou histórico familiar.

Você já ouviu falar da "Anti-Dieta" ou "Não Dieta"?
Nutrição normalmente está associada a dieta e dieta a estética, ou seja, nutrição e saúde não costumam estar relacionadas. Além disso, o tema nutrição é bastante controverso: há os que falam que o ideal é fazer jejum intermitente, e aqueles que defendem uma alimentação a cada 3 horas. Ovo é recomendável ou deve ser ingerido com moderação? E o óleo de coco? E os chás milagrosos? Gluten e os derivados do leite são mesmo os grandes vilões? Isso tudo, no meio de um turbilhão de dietas: Mediterrânea? Low Carb? Paleolítica? Cetogenica? Dukan? Atkins? Ayuvédica? Quem não se sente perdido?
Eu, particularmente, sou fã da "não dieta” também conhecida como "anti-dieta” que abrange os conceitos “comer intuitivamente” e "comer com atenção plena” ou "Mindful eating” em inglês. E o que é isso? É uma abordagem não restritiva que foca em comer saudável quando se tem fome, não se sentir culpada por comer algo calórico; manter uma boa relação com a comida, diferenciar fome emocional da fome real; comer paulatinamente, sem distrações, usando todos os sentidos e permitindo que o sinal "estou satisfeito" chegue ao cérebro, bem como, desenvolver um ambiente favorável para fazer as refeições (comer em companhia, em horários e locais bem definidos). Afinal, alguns estudos demonstram que dietas rigorosas são prejudiciais no longo prazo.

Você sabia que o que comemos impacta nossa saúde mental e humor?
As pesquisas que já foram publicadas relacionando alimentação e bem estar demonstram que a nutrição tem um papel importante na saúde mental e no bem estar das pessoas. Assim como, uma má alimentação pode afetar negativamente o estado emocional e cognitivo. Um estudo recente, de 2019, realizado por pesquisadores da Universidade de Manchester, no Reino Unido e de evidência científica relevante, analisou 45.826 participantes. As descobertas, publicadas na revista Psychosomatic Medicine, mostraram que a melhora da alimentação reduziu os sintomas de depressão, mesmo naqueles sem transtornos depressivos diagnosticados. Além disso, quando essa mudança alimentar foi combinada com atividade física regular, o efeito positivo foi ainda maior.




“Deixe o alimento ser seu remédio e o remédio ser seu alimento."
Hippocrates (400 a.c)
As doenças físicas, ou melhor, seus sintomas normalmente são tratados rapidamente. Já os os sintomas das doenças mentais, como a irritação exarcebada, a ansiedade e a falta de ânimo; esses costumam ser ignorados como se fossem algo que fosse passar em breve ou algo que não tem como ser resolvido.
Além disso, não queremos ser rotulados de doidos nem depender de remédio controlados. Mas e se você soubesse que esses remédios deveriam ser temporários enquanto trabalhamos na origem dos problemas? E se tivesse conhecimento que as doenças físicas não transmissíveis costumam vir acompanhadas de doenças mentais, ainda que de forma leve?
E se você soubesse que a psiquiatria finalmente chegou a conclusão que a saúde mental depende de uma harmonia de substâncias químicas cerebrais e que a nutrição tem um papel fundamental nesse equilíbrio? Isso já é uma realidade e deu origem a uma nova área da ciência a Psiquiatria Nutricional.
